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A sexualidade e a espiritualidade podem viver em harmonia
A conferencia no Simpósio de Bioética correu a cargo da Dra. Elizabeth Kipman Cerqueira, médica ginecologista obstétrica, integrante da Comissão Arquidiocesana de Bioética e Defesa da Vida e coordenadora do Departamento de Bioética do Hospital São Francisco, em Jacareí SP, diretora do Centro Interdisciplinar de Bioética da Associação Casa Fonte da Vida e membro da Comissão de Bioética da CNBB.
No início da sua palestra, intitulada Planejamento familiar , a Dra. Kipman louvou a figura do Papa Paulo VI pela sua valentia ao publicar a encíclica Humanae vitae em 1968, encíclica esta que trata sobre as questões éticas relacionadas com os métodos de controle da natalidade. Nesse sentido, a conferencista referiu se ao relativismo moral que entrou inclusive na Igreja por parte daqueles que, sendo pastores pelo seu ministério ou pelo cargo, recusam ainda hoje o Magistério da Igreja em matéria de moral e costumes.
Segundo ela, já não se trata de um problema de dualismo entre o corpo e o espírito, mas é uma a guerra que se faz contra a própria natureza do ser humano . Aprofundando no assunto dos métodos anticoncepcionais, ela advertiu que tais técnicas levam a negar a lei natural e a condição de criatura. De fato, quando eu abandono a lei natural, estou abandonando a vontade de Deus na natureza das coisas criadas .
A Igreja católica apresenta um valor que vai realmente contra corrente, porém, é um valor que está latente nas nossas culturas , de acordo com a doutora. Nesse sentido, duas são as visões opostas que abordam o mundo e a pessoa humana. Por um lado estão aqueles que celebraram a contracepção moderna com a venda e expansão em 1958 da pílula anticoncepcional, e, por outro lado, aqueles que defendem o valor da vida , declarou.
No entanto, a sexualidade e a espiritualidade podem viver em harmonia , tal como o definiu o Papa Paulo VI na Humanae vitae ao confirmar que o controle natural da natalidade é aceito pelo Magistério Eclesial, enquanto que a contracepção é uma desordem ou mal intrínseco . Nesse sentido, a lei natural é composta da razão e da natureza humana, sendo que com a primeira podemos ler as leis da natureza inscritas em nós pelo Criador . Precisamente a lei natural são aqueles princípios evidentes cuja verdade leva à realização do ser humano na sua existência .
Entrando já no assunto mais específico dos métodos anticoncepcionais e dos métodos naturais, a Dra. Kipman enumerou as principais diferenças entre eles. Em primeiro lugar, ela destacou o significado plenamente humano do corpo através do qual o homem percebe a necessidade de descobrir se como pessoa. Por outro lado, os métodos naturais não negam a fecundidade, porque respeitam a natureza inteira da realidade humana e, nesse sentido, a fecundidade faz parte da realidade existencial da pessoa .
Em terceiro lugar, ela destacou a visão do ser humano enquanto pessoa e não como um organismo biológico . De fato, aqueles que usam contraceptivos sim estão tratando o corpo como algo biológico e daí a pouco caem na despersonalização , afirmou. Por último, referiu se à finalidade da sexualidade humana em sua abertura para os outros e para Deus , sublinhando o aspecto unitivo e o sentido procriador na ordem da pessoa . |