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Dicas de Saúde / Psicologia
 
Games Simuladores do Cotidiano
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A cada dia, aumenta no mundo o número de pessoas que passam horas nos videogames. Em 2007, esse universo virtual, onde as crianças entram cada vez mais cedo, era composto por 217 milhões de usuários mundo afora, representando 28% de todas as pessoas conectadas. Imagine como está hoje.

Considerado por muitos a principal ferramenta midiática do século XXI, há games de todos os tipos e para todas as idades, desde aqueles que simulam rotinas domésticas, até os que transformam o jogador em um exímio caçador de terroristas.

O jornal Folha de São Paulo publicou no último domingo uma matéria sobre o assunto onde citava o jogo “Toylet” (de toy-brinquedo, mais toalete), lançado no Japão e recém testado com sucesso nos banheiros masculinos do metrô de Tóquio. Trata-se de um painel instalado na frente de cada mictório que mede o desempenho do jogador para urinar levando em conta três aspectos: mira, força do jato e milímetros acumulados. Perde ponto quem respinga no chão! (Jornal Folha de São Paulo, caderno Ilustríssima,27/03/2011).

Jogos como esse mostram uma nova faceta dos adorados games: o enquadramento da vida por eles. Esse universo virtual tem tentado se aproximar da vida real, fabricando jogos que reproduzem atividades cotidianas, pontuando-as para depois premiá-las. Se antes os jogos eram para brincarmos de super-heróis, franco-atiradores ou caça fantasmas, hoje são para praticarmos esportes, dirigirmos em conformidade com as leis do trânsito, conversarmos com amigos, construirmos uma casa, uma família ou cuidarmos de animais de estimação.

Surge uma pergunta: Qual é o sentido disso? Para que precisamos brincar de faz de conta com coisas que substituem a realidade? Essa mesma reportagem fala de um outro game “Guerra das Tarefas” jogado por um casal de adultos que transforma em competição as obrigações domésticas. Quem leva o lixo para fora mais rápido, recebe como prêmio a posse do controle remoto da televisão!

Seria redutivo afirmar que o objetivo desses jogos imitadores da realidade cotidiana é apenas fornecer prazer. Afinal, temos coisas bem mais divertidas para fazer! Há um interesse bem maior neles e o crescimento acentuado desse mercado captou uma característica marcante dessa geração: o medo de correr riscos.

Trata-se de uma geração imatura, controladora, que espera respostas imediatas e que não está disposta a correr os riscos inevitáveis da realidade que não pode ser controlada. Assim, ao “gameficar” a vida, temos a ilusão de controlá-la, transformando os acidentes em perda de pontos e as realizações em ganhos. Um ensaio de laboratório inofensivo, que não ameaça, nem faz sofrer. Uma fuga, que pode ser deliciosa, mas também muito triste se usada para substituir a vida e seus inevitáveis riscos.


* Dra. Renata De Luca é psicóloga, especialista em psicanálise de crianças e de adolescentes pela USP, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria. Contato: renatadeluca@uol.com.br
 
Fonte : Dra. Renata De Luca Publicado : 31/03/2011
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