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Dicas de Saúde / Psicologia
 
Coelhinhos da Páscoa apressados
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Convido vocês para um desafio: escolham cinco crianças durante o dia e pergunte se elas já ganharam algum ovo de Páscoa esse ano. Ontem, dando vazão a um espírito empirista, realizei uma pesquisa informal e fiz essa pergunta para dez crianças que encontrei durante o dia. A resposta não foi uma surpresa e confirmou uma observação feita anteriormente nos supermercados, quando cruzava com crianças carregando ovos debaixo do braço. As dez crianças já haviam ganho ovos de Páscoa antecipadamente.

Muitas já tinham comido vários ovos e não era só um aperitivo, era o ovo que desejavam, aquele especial que o coelho fabricou.
Aposto e ganho que o resultado da enquete de vocês será parecido com o meu! Hoje, tornou se raro encontrar uma criança que ganhe ovos só no domingo de Páscoa. Assim como os presentes de Natal ou do dia das crianças são antecipados, os ovos seguem a mesma tendência. As justificativas dos pais que compram ovos antes giram em torno de três motivos. Primeiro: atender aos apelos da criança que olha e deseja. (Também, quem mandou os supermercados começarem a pendurar ovo assim que termina o carnaval?) Segundo: não veêm problemas em dar antes, afinal trata se apenas de um chocolate. Terceiro: Não ligam para as tradições, que estão ultrapassadas e seria ridículo no mundo atual fazer criança acreditar em coelhinho da Páscoa.

Todas essas justificativas são furadas. Em relação à primeira, cabe aos pais dizer não por mais que o convite ao consumo seja tão atraente. A segunda: tem problema dar antes sim e não se trata de um chocolate qualquer (volto nela) e a terceira, as tradições são importantes, a magia é necessária na primeira infância e quando deixar de acreditar em coelhinho da Páscoa, a criança já deve saber esperar para ter o que deseja.

Tudo bem que vivemos em um mundo apressado, voltado para o futuro, consumível e descartável e as crianças são introduzidas nesse mundo pelos mesmos adultos que depois vem se queixar do comportamento agitado, intolerante e difícil das crianças. Santa incoerência! Se os principais sintomas na infância giram em torno da intolerância a frustração, agitações e falta de limites, de onde isso vem? Ocorre que nossas crianças não aprendem a esperar desde cedo, acostumam se com a satisfação imediata e batem a cabeça quando tem que lidar com frustração.

Da mesma maneira, os valores são aprendidos através das tradições familiares e sociais. Saber da infância dos avós, da origem da família, da história dos nomes, do porque das comemorações, do motivo dos feriados. Tudo isso cria uma rede simbólica que situa a criança em um lugar e lhe dá a dimensão que existia algo antes dela e que, logicamente, haverá depois. Se há um esvaziamento das tradições, o sentido se perde e o que sobra é o imediato e a satisfação momentânea. Lembrou se de algum adolescente?

A educação é feita de pequenos gestos, de vicissitudes, de atitudes cotidianas. Esperar pela Páscoa para ganhar um ovo é educativo, pois ensina a ter paciência, a valorizar e a compreender o sentido daquilo, para não ser mais um objeto de consumo descartável. Não podemos dissociar as atitudes dessa geração atual de crianças e adolescentes do tipo de educação que elas estão recebendo.

Muito tem se falado de bullying ultimamente, por conta da triste tragédia do Realengo, mas ele nada mais é do que o efeito da educação atual. Há uma tentativa equivocada de criminalizar ou patologizar o bullying. Mas, ele não é coisa de bandidos, nem de doentes. A prática do bullying é fruto da educação sem limites ou valores e da irresponsabilidade de algumas escolas, que perdidas, não tomam ações de repressão contra essa prática.

Muitos desses jovens que se divertem batendo ou humilhando um colega tem pais ausentes na autoridade, foram crianças mimadas e viram seus pais destratar empregados ou se desrespeitarem entre si. Aposto um ovo de Páscoa que o coelhinho passava antes na casa deles.
 
Fonte : Dra. Renata De Luca Publicado : 21/04/2011
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