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Dicas de Saúde / Psicologia
 
Era uma vez...
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Deixemos os céus aos anjos e aos pardais escreveu Freud em um texto de 1927 que falava sobre os males que a ilusão religiosa pode causar. Mas, quem resiste a um banho de deliciosas ilusões que suspendam a realidade, mesmo que momentaneamente?

Essa semana que passou, fomos agraciados por duas grandes ilusões dignas de contos de fadas: o casamento Real e a morte de Osama Bin Laden. Na primeira, foi delicioso preocupar se com os detalhes do vestido da princesa, especular qual coroa a Rainha Mãe lhe daria, observar a valentia do príncipe ao convidar Elton John (amigo de Diana) e seu namorado para a cerimônia religiosa, reparar no corte de cabelo da madrasta, saber o que seria servido na festa e conhecer os detalhes do protocolo inglês.

Muitos comentaram a sorte da princesa, outros apostaram que seu destino será infeliz como o de Diana e há os que acreditaram que ela modernizará a monarquia britânica e poderá calçar suas adoradas botas castelo adentro. A Inglaterra parou em festas e o mundo acordou mais cedo para ver a princesa entrando na igreja. Mesmo os que não ligaram muito, não passaram ilesos às repercussões do casamento. De repente, parecíamos ter cinco anos ouvindo histórias de reinos encantados, princesas e príncipes, carruagem; querendo saber se eles serão felizes para sempre ou se algum malvado virá atrapalhar seu casamento.

Os contos de princesas são repletos de significados para a criança que está atravessando o Complexo de Édipo, nossa primeira desilusão amorosa, quando a criança sente ciúmes dos pais e deseja ocupar um lugar entre eles. Fase universal, normal e esperada entre os cinco e oito anos de idade, quando a criança já deverá saber qual é o seu lugar na família e se identificar com o genitor do mesmo sexo que o seu. Nesse período, os contos de princesas oferecem as respostas que as crianças estão procurando e por isso são tão apreciados por elas há tantos anos: falam de ciúmes, da mãe que vira madrasta (esposa do pai), de rivalidade e de paixão.

Princesas de estilos diferentes, abandonadas pelas mães, maltratadas pelas madrastas e resgatadas por corajosos príncipes estrangeiros, que deverão enfrentar as maldições das bruxas antes do amor eterno. Ariel, Bela, Branca de Neve, Cinderela, Diana ou Catherine: belas, mais ou menos inocentes, felizes ou infelizes, generosas, amadas pelos seus príncipes. Toda mulher, mesmo aquelas que têm certeza que nesse mundo não tem mais lugar para as princesas, observou Catherine e lembrou se do tempo em que esperava que a cura viesse do amor de um príncipe.

Já na segunda feira, foi a vez dos meninos brincarem de super heróis, comemorando a morte do inimigo. Finalmente, o bonzinho deu uma lição no malvado, a polícia matou o ladrão e o herói venceu o bandido. Pessoas comemorando nas ruas, placares de 1X0, discursos inflados de revanche, feridos vingando seus mortos no local da batalha. Obama matou Osama, Homem Aranha venceu Venom e Batman deu uma lição no Coringa, no Pinguim, no Charada.

Todo menino durante o Édipo, precisa de um vilão (colocado no lugar do pai que o separa da mãe) para duelar, vencer na luta ou na espada. E é o medo de perder para esse herói que faz o menino afastar se da mãe e procurar força no pai, identificando se com ele para vencer dos outros garotos lá fora. Época de rivalidade, de medo e de coragem que serão necessárias em outros reinos.

Pelo que vimos nesses dias, a psicanálise parece estar certa ao dizer do núcleo infantil que permanece em todos os sujeitos adultos. Uma pausa na realidade, para um passeio em um delicioso conto de fadas.
 
Fonte : Dra. Renata De Luca Publicado : 06/05/2011
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