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Dicas de Saúde / Psicologia
 
Uso da palmatória nas escolas
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Durante muitos séculos, a figura que representava o professor aparecia segurando em uma das mãos um livro e na outra um feixe de varas de vidoeiro. Um representava o conhecimento e o outro a lei. O encontro entre essas duas coisas resultava na incontestável sabedoria do mestre. Diante da batida da vara na mesa, os alunos ficavam quietos e escutavam os ensinamentos do professor retirados dos livros. Ninguém ousava desafiar sua autoridade e caso fizesse, era punido com castigos físicos.

A vara de vidoeiro foi substituída pela vara de marmelo e pela palmatória, recurso disciplinar utilizado pelas escolas do século passado. Engano nosso pensar assim, pois ainda hoje diversas escolas utilizam a palmatória para disciplinar as crianças. Se vocês pensam que isso deve ocorrer em algum país subdesenvolvido, saibam que ocorre em países com o PIB maior que o nosso, como nos Estados Unidos.

Ainda hoje, vinte estados americanos usam a palmatória para castigar os alunos desobedientes, principalmente no sul do país onde a prática está enraizada na cultura local. No Novo México um terço das escolas se utiliza desse recurso e os diretores escolares que o fazem sustentam que ele é eficaz para que os alunos aprendam.

Há debates e propostas no Senado Americano de suspensão dessa prática de utilização das palmatórias nas escolas. Alguns condenam sustentando que esse costume medieval é uma violência contra a criança e que de maneira alguma, deve fazer parte da prática educativa. Outros tem uma posição intermediária e dizem que os diretores podem utilizar a palmatória, desde que os pais concordem e sem excessos, pois existiram casos de crianças hospitalizadas depois de apanharem com elas nas escolas.

Dentro desse cenário, causou espanto a manifestação de alunos da tradicional escola St.Augustine High School, em New Orleans, lugar conhecido por nós por ser berço do jazz e mais recentemente, pela trágica inundação. A St. Augustine era a única escola católica da Lousiana que utilizava a palmatória em seus alunos e após ter essa prática proibida pelo conselho escolar (pressionados pelo bispo local), enfrentou a manifestação contrária vinda do lugar onde menos esperavam: dos alunos. Eles defendem o uso da palmatória argumentando que ela tem contribuído na formação do caráter dos jovens e na elevação das suas notas.

Fizeram uma passeata pedindo ao bispo que volte atrás em sua decisão. O aluno presidente do centro acadêmico disse: Essa é uma tradição da escola. É como tem sido administrada há 60 anos. Até os alunos mais velhos podem ver a diferença entre nossa sala e a dos alunos mais novos que não receberam a mesma disciplina .

Muitos brasileiros que hoje estão branqueando os cabelos também sofreram castigos físicos nas escolas: batidas com régua na cabeça, joelhos no milho, croques (palavra derivada do jogo francês croquet, que consiste em bater bolas de madeira com macetes para que passem sob arcos) e outras tantas maneiras que eram corriqueiras e pensadas como necessárias para o bom comportamento e aprendizagem dos alunos.

Atualmente, qualquer forma de castigo físico não é permitida mais nas escolas brasileiras, mas vira e mexe escutamos denúncias de professores que perderam a paciência e partiram para a violência contra seus alunos.

O fato é que a autoridade dos professores não está mais garantida por si só nas escolas brasileiras, como era antigamente. Anteriormente, havia um status que sustentava a importância do professor e isso era válido para todos. Ao entrar na sala de aula, ele arrastava uma importância social que lhe garantia uma sustentação de respeito pelos seus alunos. Havia uma tradição que silenciava os alunos para que ouvissem o que o mestre tinha a dizer.

Nosso problema é que essa rede que sustentava o professor se esgarçou, não existe mais e ele tem que se garantir sozinho. Ele está só e precisa ganhar, com seu conhecimento e muito malabarismo, o respeito dos alunos. Muitas vezes, em contraponto com uma visão da própria família desses alunos, que denigre a figura do professor, pensando que ele virou professor porque não conseguiu fazer coisa melhor na vida. Então, porque respeitá lo?

Na China, as autoridades prestam reverências aos professores. Brutal diferença entre lugares. Nosso desafio é fazer com que os professores obtenham o respeito dos seus alunos sem a palmatória, na palavra, simplesmente pelo fato de terem algo que sabem a mais do que nós para dizer.
 
Fonte : Dra. Renata De Luca Publicado : 10/06/2011
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