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Uma recente pesquisa realizada pela empresa de tecnologia Cisco em 14 países revelou que a internet passou a ser tão necessária quanto a água, comida e moradia para universitários que tem até 30 anos de idade. Não pensem que esse resultado foi encontrado apenas nos países ocidentais: o mesmo padrão de resposta também surgiu na Índia e China.
O Brasil entrou na pesquisa e os jovens disseram que preferem ter acesso à internet a ter um carro e 72% optam por navegar a namorar, ouvir música e sair com amigos, coisas que até há alguns anos, eram as atividades preferidas de qualquer jovem.
Quem convive com essa turma sabe que os dados são verdadeiros, o quanto eles valorizam estar conectados e como a internet faz parte das suas práticas cotidianas, muitas vezes, exageradamente. Chegar em casa e falar com os amigos na rede sobre o que acabou de acontecer na escola; conversar por mensagem; preferir jogar on-line em vez de ao vivo. São práticas dessa geração de jovens comuns em todos os grupos sociais.
Assim como mudam os gostos, mudam também as punições. Quando infringiam alguma regra, os pais desses jovens eram punidos por seus pais, perdendo o direito de namorar ou sair com os amigos para passear. Agora, um dos castigos mais utilizados para filhos adolescentes é cortar o acesso à internet.
Fios são arrancados em momentos de fúria, senhas são instaladas, cabos são escondidos: “Bipolar”, como eles dizem. Os pais mais centrados conseguem a obediência apenas com a palavra e proíbem seus filhos de sentarem diante da tela por alguns dias, cujo tempo de pena varia de acordo com o tamanho do delito.
Funciona? Sim, os jovens sentem, pois lhes é tirado algo mais importante que as atividades vitais, de acordo com a pesquisa, mas alguns riscos estão presentes nessa ação: o primeiro deles é dar um castigo longo, do tamanho da raiva dos pais. “Você só ligará o computador daqui a dois meses, quando tiver melhorado suas notas”: “Sem sentido”, parafraseando-os. Castigo longo perde o efeito, em qualquer idade, pois o efeito punitivo precisa ser direto, pontual e sentido na pele.
O segundo erro está em ficar “gastando” castigo. Tem adolescente que emenda um castigo no outro e nem sabe mais o motivo. Nem tudo se corrige com castigo e se a família tiver que recorrer a ele reiteradamente é que o método não está funcionando, está errado, pois a causa não está sendo atingida.
Não estudar, desrespeitar, mentir e desorganizar podem ser formas de dizer alguma coisa e não ser ouvido. Por que um adolescente precisa machucar seu próprio corpo ou correr risco para ser ouvido? Quando chega a esse ponto, ele já tentou dizer de outras maneiras, mas foi reiteradamente castigado apenas.
Esses comportamentos adolescentes podem ser formas de se libertar de uma superproteção, de denunciar problemas familiares ou de chacoalhar a ineficiência de algumas escolas.
Castigo funciona quando a causa é o descompromisso, a falta de responsabilidade e a preguiça. Ele ajuda a entender a lei da recompensa, o velho “primeiro a obrigação, depois a diversão”.
Conceitos necessários de serem absorvidos na infância e na adolescência. |