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Dicas de Saúde / Psicologia
 
Natal está Business
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Esta semana, vi-me diante de um destes impasses nos quais os filhos colocam os pais por diversas vezes, pois quem educa sabe que sempre precisa ter uma dose de imprevisto à disposição para perguntas inesperadas, banheiro fora de hora, comportamentos surpreendentes e esquisitices sem explicações.

Minha filha caçula pediu-me para o Natal um brinquedo que custa quatrocentos reais. Frente a minha negativa, ela retrucou, dizendo que pediria direto para o Papai Noel. Diante do primeiro bom velhinho que viu, disparou em sua direção e pediu em alto e bom som o dito presente.

Quando a alcancei, só tive tempo de ouvir a resposta do Papai Noel, concordando em atendê-la e trazer o presente.

E agora? Desembolso esta vultosa quantia em um brinquedo que poderá depois de trinta dias ter partes espalhadas pelos cestos da casa? Pago e deixo na estante para que não estrague, lembrando-a toda vez que for brincar que custou muito caro e, portanto, tenha cuidado?

Pago à vista para esquecer logo, antes que cheguem os habituais carnês de janeiro ou pago em várias prestações, que acabarão muito tempo depois do interesse dela pelo brinquedo?

Também posso não comprar e colocar a culpa no bom velhinho, afinal foi ele quem concordou, porém, no dia 25, eu que terei que dar a justificativa, pois sua cadeira estará vazia quando ela for tirar satisfação. Eu poderia levantar todas as desobediências e manhas que ela fez durante o ano e dizer que um presente bem mais barato está bom demais, mas não farei isso com a auto-estima dela e não é correto associar presente e castigo.

Pensei na saída sociológica, aquela manjada em dizer que o Papai Noel precisa presentear todas as crianças do mundo e por isso não pode comprar presente caro, mas até vejo seu narizinho arrebitado me dizendo que Ele não compra os presentes e sim fabrica lá no Pólo Norte com a ajuda de duendes.

Mesmo que acreditasse nessa, como explicar que o Papai Noel trouxe para uma amiga dela o que foi pedido e para ela não?

Cá estou sem uma definição. Não sei se atropelo meus princípios e compro um presente tão caro ou se termino com Papai Noel, duendes e renas, antecipando o final de uma das coisas mais belas que existe na infância.

Às voltas com essa dúvida, recebi um texto do ex-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Dr. Dioclécio Campos Júnior, chamado “Natal Sem Nascimento”. Ele escreve que o sentido do Natal está mudado e associa isso à ausência do presépio com seus símbolos, em contrapartida ao aumento das figuras de Papai Noel. É verdade, pois reparando nas decorações natalinas, vemos mais esse personagem que está diretamente relacionado ao consumo do que manjedouras com seus seis principais personagens. Tem Papai Noel de todo jeito para vender: subindo escada, descendo corda, andando de bicicleta e até aquele que dança quando nos movimentamos diante dele.

E o presépio? Quais são as novidades do momento? Nenhuma, simplesmente porque não é para ter novidades. Os símbolos do Natal continuam os mesmos e só não incrementaram os presépios para que vendam mais porque estes símbolos nada têm a ver com o consumo e, muito pelo contrário, estão relacionados à simplicidade.

Mas como está escrito no texto ao qual me referi, em uma sociedade que confunde vida com negócio, alegria com consumo e felicidade com lucro, nada mais coerente que “o símbolo de Natal seja a árvore repleta de presentes e não mais o estábulo do amor para receber o Menino no ambiente sagrado do lar.” O Natal está business.
 
Fonte : "Dra. Renata De Luca" Publicado : 16/12/2011
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